Escrever,
em prato raso, é desvendar à mesa uma porção de si,
Que pode parecer ao convidado, que ceia sua prosa,
Um simples querer bem temperado com imaginação e paranoia
Ou fração desmedida de duvida sob medo requintado,
Bem cozido em banho-maria no infinitivo perpétuo da poesia.
No fundo, há o fato de que eu gosto de falar grego,...
De que, sempre que posso, mordo de propósito a língua ocidental
E mastigo-a, neste acidente, até que me oriente ao seu radical,
Até que seu prefixo se desprenda dos ossos da palavra.
Até desossar o termo composto à substancia do próprio sentido,
E poder engolir, enfim, o sufixo sem lhe sufocar o gemido.
Talvez, no fictício, me falte aquela química perceptiva do real
Ou apenas os talheres certos para me servir deste mexido emotivo,
Desta mistura requentada de conversas que reviro por dizeres e sentidos.
Por ingrediente sincero ainda tão alheio aos meus verbos,
Ainda úmido no seio do personagem que despercebido se fez sujeito.
Quero degustar esta palavra ao ponto de quem ainda grita.
Sei, que de veras, a escrita dá razão, por uma infinidade de termos,
A todo enredo dormido, já sem sal, nada doce, nada terno,
À escultura fria no mármore plano, réplica descritiva de sensação,
Que assume, como toda palavra, a mesma forma e nada mais.
... E a emoção, por mais que eu não deixe de mover a colher de madeira,
Ao fogo, alto ou baixo, é poesia que não vinga, empelota.
Na teoria, a lente que é vidro de aumentar visão é quem ao olho cobre,
Enquanto a mão por libra tenta traduzir em gestos a mente,
Passando a limpo o que se junta a todo o resto na mesma fôrma...
Palavras apócrifas e póstumas servidas por petisco às traças
Que transam dramas e contos num cemitério de cadáveres encapados,
Onde tracei cada corpo por objeto num banquete subjetivo.
E, na verdade, a fome que não morre é quem se farta nesta emulsão
De loucura rítmica, que dá cor viva à estória substantiva,
Em razão agridoce, num vice e versa que consoa, por detrás no oficio...
... Tecla a tecla, por mais que dissesse de um sentir
Não senti, em uma única, lhe tocar com as mesmas mãos,
Lhe ser afeto, em linhas contundentes, há provar neste abismo raso
Que nos separa simplesmente por anfitrião e convidado.
Hoje, me senti apenas um tanto eu, faminto, diante de um prato
Que, ainda que bem preparado, no meu palavrear não sinto a explicação...
E pensando no que lhe dizer não disse uma única frase sincera
Que lhe fizesse me entender por voz, ao invés dos dizeres...
Oferecia-me por pele e afago, por olhos atentos, mas não lhe vi ali...
Ali por hoje estava apenas Eu mesmo, esfriando.
E imaginando como era teu horizonte ao beber outra taça de vinho,
Procurando a palavra certa pra sentir o teu suspirar,
Mas como descrever um suspiro ao fazê-lo palavra que não trago?
Ele age em silêncio e quem o sente é por que está próximo...
Não me veio à mão uma única palavra suficientemente expressiva
Com a qual pudesse lhe fazer sentir meu gosto à língua...
Uma palavra tão quente, rente à boca, quanto o prazer que mastigo,
Que degusto, macio, tenro, despido ao paladar por comer...
Juro, que apenas por fome, profunda, não quis ver a folha vazia,
Que ela servisse para algo, mas faltou-me o sentir...
... Se, daí, encontra-lo “fantasiado” diga-o que mando lembranças.
Que pode parecer ao convidado, que ceia sua prosa,
Um simples querer bem temperado com imaginação e paranoia
Ou fração desmedida de duvida sob medo requintado,
Bem cozido em banho-maria no infinitivo perpétuo da poesia.
No fundo, há o fato de que eu gosto de falar grego,...
De que, sempre que posso, mordo de propósito a língua ocidental
E mastigo-a, neste acidente, até que me oriente ao seu radical,
Até que seu prefixo se desprenda dos ossos da palavra.
Até desossar o termo composto à substancia do próprio sentido,
E poder engolir, enfim, o sufixo sem lhe sufocar o gemido.
Talvez, no fictício, me falte aquela química perceptiva do real
Ou apenas os talheres certos para me servir deste mexido emotivo,
Desta mistura requentada de conversas que reviro por dizeres e sentidos.
Por ingrediente sincero ainda tão alheio aos meus verbos,
Ainda úmido no seio do personagem que despercebido se fez sujeito.
Quero degustar esta palavra ao ponto de quem ainda grita.
Sei, que de veras, a escrita dá razão, por uma infinidade de termos,
A todo enredo dormido, já sem sal, nada doce, nada terno,
À escultura fria no mármore plano, réplica descritiva de sensação,
Que assume, como toda palavra, a mesma forma e nada mais.
... E a emoção, por mais que eu não deixe de mover a colher de madeira,
Ao fogo, alto ou baixo, é poesia que não vinga, empelota.
Na teoria, a lente que é vidro de aumentar visão é quem ao olho cobre,
Enquanto a mão por libra tenta traduzir em gestos a mente,
Passando a limpo o que se junta a todo o resto na mesma fôrma...
Palavras apócrifas e póstumas servidas por petisco às traças
Que transam dramas e contos num cemitério de cadáveres encapados,
Onde tracei cada corpo por objeto num banquete subjetivo.
E, na verdade, a fome que não morre é quem se farta nesta emulsão
De loucura rítmica, que dá cor viva à estória substantiva,
Em razão agridoce, num vice e versa que consoa, por detrás no oficio...
... Tecla a tecla, por mais que dissesse de um sentir
Não senti, em uma única, lhe tocar com as mesmas mãos,
Lhe ser afeto, em linhas contundentes, há provar neste abismo raso
Que nos separa simplesmente por anfitrião e convidado.
Hoje, me senti apenas um tanto eu, faminto, diante de um prato
Que, ainda que bem preparado, no meu palavrear não sinto a explicação...
E pensando no que lhe dizer não disse uma única frase sincera
Que lhe fizesse me entender por voz, ao invés dos dizeres...
Oferecia-me por pele e afago, por olhos atentos, mas não lhe vi ali...
Ali por hoje estava apenas Eu mesmo, esfriando.
E imaginando como era teu horizonte ao beber outra taça de vinho,
Procurando a palavra certa pra sentir o teu suspirar,
Mas como descrever um suspiro ao fazê-lo palavra que não trago?
Ele age em silêncio e quem o sente é por que está próximo...
Não me veio à mão uma única palavra suficientemente expressiva
Com a qual pudesse lhe fazer sentir meu gosto à língua...
Uma palavra tão quente, rente à boca, quanto o prazer que mastigo,
Que degusto, macio, tenro, despido ao paladar por comer...
Juro, que apenas por fome, profunda, não quis ver a folha vazia,
Que ela servisse para algo, mas faltou-me o sentir...
... Se, daí, encontra-lo “fantasiado” diga-o que mando lembranças.
_Claudiney Genilhu
"À medida que os sentidos avançam e se desencadeiam numa direção,
o
amor verdadeiro exaure e retira-se. Quanto mais os sentidos se tornam pródigos
e fáceis, mais o amor se contém, empobrece ou se torna avaro."
Charles Saint-Beuve
(escritor e crítico literário frânces)